A SUSTENTABILIDADE E O ENSINO FUNDAMENTAL NO BRASIL
A educação para a sustentabilidade no ensino fundamental no Brasil é um elemento chave para moldar a consciência ambiental nas futuras gerações.
As escolas costumam abordar temas de sustentabilidade em diversas matérias, como ciências e geografia, onde os alunos aprendem sobre ecossistemas, biodiversidade, poluição e mudanças climáticas. Além disso, é comum a realização de projetos interdisciplinares que proporcionam uma visão mais holística e aplicada aos conceitos de sustentabilidade.
Atualmente, as crianças e os jovens já estão acostumados a ter acesso a todo tipo de informação e buscam novas maneiras de pensar e praticar e com a sustentabilidade, não será diferente, pois a grande maioria já percebeu que esse tema não é simplesmente mais uma matéria escolar em que precisam ser aprovados, e sim uma experiência de transformação do mundo real.
No entanto, quando pensamos em Agenda 2030 e direcionamos os olhares às escolas, mais especificamente ao ensino fundamental, notamos o quanto o sistema de ensino brasileiro está defasado nessa abordagem e, quando direcionamos nossos olhares às realidades remotas, onde a educação é ainda mais escassa, entendemos o quanto é necessário levar educação e, sobretudo, educação ambiental a essas localidades. Para isso, é indispensável as gestões públicas e empresas locais direcionarem esforços ao coletivo, gestores, escolas e sociedade civil.
Ou seja, quando falamos sobre a importância da educação e sustentabilidade no Brasil, devemos lembrar que algumas realidades dependem de recursos básicos e ainda não encontraram meios para preparar cidadãos mais conscientes.
Os índices do desenvolvimento humano apontam muitas regiões ainda reféns da fome, da pobreza, da falta de energia, luz e saneamento, regiões onde a educação na está nos primeiros lugares da lista.
Sabemos que sozinhos não conseguiremos conscientizar e engajar a sociedade e governos para resolver tais problemas, e com esse pensamento, que nasce o ESG Kids, uma iniciativa conectada a educação ambiental básica, na qual inciativas sustentáveis parceiras compartilham seus conhecimentos nos mais diferentes âmbitos da natureza e sociedade e assim quem sabe teremos a chance de preparar cidadãos melhores dentro e fora das escolas para nos ajudarem a transformar o mundo em que vivemos.
A aprendizagem por meio da experiência de uma expedição ESG, também conhecida como aprendizagem experiencial, é uma abordagem pedagógica que incentiva as crianças a atividades práticas que complementam e aprofundam o conhecimento teórico. Nesse tipo de abordagem, o foco não está apenas na obtenção de informações, mas também na aplicação efetiva desse conhecimento em situações reais.
No campo da sustentabilidade, essa abordagem tem um valor adicional, pois incentiva as crianças a se tornarem parte ativa da solução para os desafios ambientais e sociais da sua região.
As crianças de hoje, serão tomadoras de decisão amanhã. Sendo assim, devemos, em caráter de urgência intensificar a conscientização dentro das escolas e prepará-las para a responsabilidade que as espera no amanhã: cuidar do planeta e elevar a justiça social.
Como forma de introduzir o aprendizado por meio de experiência, a plataforma ESG Kids abarcará um diário de bordo de uma expedição sustentável – a Jornada ESG – onde as crianças poderão acompanhar, vivenciar e experienciar uma expedição voltada integralmente à sustentabilidade, do começo ao fim.
Se quisermos construir uma nova economia consciente e de impacto, devemos cuidar das bases, dos menos assistidos e dar subsídios e ferramentas a todas as crianças e cidadãos que queiram fazer parte dessa Jornada. Falar de ESG Kids, é falar de consciência ambiental, social e de governança desde a base da formação intelectual e de caráter do indivíduo.
Segundo Peter Druker, “A melhor forma de prevermos o futuro, é cria-lo!”
As 17 ODS da ONU e o conceito ESG
Os ODS foram desenvolvidos por meio de um processo inclusivo e participativo que envolveu governos e partes interessadas de todo o mundo. Isso garantiu que a agenda refletisse uma ampla gama de perspectivas e prioridades. A intenção é que os ODS sejam totalmente alcançados até o ano de 2030, o que seria um grande feito da humanidade, no entanto, inúmeros são os desafios pela frente.
De acordo com relatórios das Nações Unidas e diversas organizações internacionais, o progresso tem sido desigual. Embora tenha havido avanços em alguns ODS, outros continuam sendo um desafio. Por exemplo, a meta de erradicar a pobreza extrema e a fome ainda está longe de ser alcançada, assim como a meta de ação contra a mudança do clima.
Por outro lado, a Agenda 2030 também tem sido um poderoso catalisador para a ação. Criada como estrutura na qual governos, empresas e sociedade civil podem usar para orientar seus esforços. Há cada vez mais consciência global sobre a importância da sustentabilidade, e muitos setores estão tomando medidas para reduzir seus impactos ambientais e sociais negativos e promover um desenvolvimento mais inclusivo e sustentável.
Mas, afinal quanto tempo falta para se concluir a agenda 2030?
Acompanhe nosso temporizador de contagem regressiva na parte superior da plataforma Jornada ESG e entenda quão pouco tempo falta para atingirmos as metas dos 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU.
17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU
ODS 1 – Erradicação da pobreza: acabar com a pobreza em todas as suas formas, em todos os lugares.
ODS 2 – Fome zero e agricultura sustentável: acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e melhoria da nutrição e promover a agricultura sustentável.
ODS 3 – Saúde e bem-estar: assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas as idades.
ODS 4 – Educação de qualidade: assegurar a educação inclusiva, equitativa e de qualidade, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos.
ODS 5 – Igualdade de gênero: alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas.
ODS 6 – Água potável e saneamento: garantir disponibilidade e manejo sustentável da água e saneamento para todos.
ODS 7 – Energia limpa e acessível: garantir acesso à energia barata, confiável, sustentável e renovável para todos.
ODS 8 – Trabalho decente e crescimento econômico: promover o crescimento econômico sustentado, inclusivo e sustentável, emprego pleno e produtivo, e trabalho decente para todos.
ODS 9 – Indústria, inovação e infraestrutura: construir infraestrutura resiliente, promover a industrialização inclusiva e sustentável, e fomentar a inovação.
ODS 10 – Redução das desigualdades: reduzir as desigualdades dentro dos países e entre eles.
ODS 11 – Cidades e comunidades sustentáveis: tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis.
ODS 12 – Consumo e produção responsáveis: assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis.
ODS 13 – Ação contra a mudança global do clima: tomar medidas urgentes para combater a mudança climática e seus impactos.
ODS 14 – Vida na água: conservação e uso sustentável dos oceanos, dos mares e dos recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável.
ODS 15 – Vida terrestre: proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, gerir de forma sustentável as florestas, combater a desertificação, deter e reverter a degradação da Terra e deter a perda da biodiversidade.
ODS 16 – Paz, justiça e instituições eficazes: promover sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento sustentável, proporcionar o acesso à justiça para todos e construir instituições eficazes, responsáveis e inclusivas em todos os níveis.
ODS 17 – Parcerias e meios de implementação: fortalecer os meios de implementação e revitalizar a parceria global para o desenvolvimento sustentável.
Para conhecer as 169 metas incluídas nos 17 ODS, clique aqui.
De outro modo, a sigla ESG (environmental, social, and governance) nasce a partir de uma conjuntura social que passa a enxergar a iniciativa privada como um importante player não somente em matéria de desenvolvimento econômico, como também, corresponsável pela preservação ambiental e pela elevação da justiça social, da porta para fora.
O termo ESG foi cunhado em 2004 em uma publicação do Pacto Global em parceria com o Banco Mundial, chamada Who Cares Wins. Surgiu de uma provocação do secretário-geral da ONU Kofi Annan a 50 CEOs de grandes instituições financeiras, sobre como integrar fatores sociais, ambientais e de governança no mercado de capitais.
E mais recentemente o termo ganha força por meio de um viés econômico, quando Larry Fink, co-fundador da maior gestora de investimentos do mundo, em 2019, em uma de suas cartas dirigidas aos acionistas enfatizou a importância de olharmos para os aspectos que envolvem o respeito ao ser humano e a natureza a partir dos negócios e da forma como são feitos, jogando luz aos fatores ESG a partir de uma governança baseada em propósito, lucro, transparência e riscos.
Porém, ainda que não conhecido pelo acrônimo ESG, as métricas socioambientais e de governança já eram consideradas por alguns movimentos, como aconteceu nos anos 60 e 70, nos movimentos de direitos civis, anti-guerras e ambientalistas nos EUA. Os investidores começaram a excluir empresas ligadas à guerra no Vietnã e ao Aparheid de seus investimentos.
Ou seja, desde muito antes de conhecermos o ESG como ele é hoje, os indicadores já eram observados por movimentos que tinham olhar voltado à responsabilidade socioambiental e conscientes de seu papel perante a sociedade como um todo.
Ainda que o propósito seja o mesmo da Agenda 2030, as três letrinhas representam indicadores de mercado do quão consciente uma empresa é, de como seus processos são realizados, de que forma seus colaboradores são liderados, engajados e incluídos, como se ela relaciona com a sociedade, e como ela lida com toda a sua cadeia de valor e como gerencia os recursos naturais.
Em suma, durante muito tempo os ODS eram interpretados como “uma lista de desejos”, por diversas empresas, mas após as seguidas cartas de Larry Fink colocando a sustentabilidade no centro dos investimentos, uma forte pressão dos millennials, geração nascida entre os anos de 80 e 2000, caracterizada justamente pelo nível elevado de conscientização socioambiental, o ESG ganhou força e nos dias de hoje se estabelece como a principal diretriz de relação entre os mercados de investimento, consumidores conscientes e organizações civis, públicas e privadas ao redor do mundo.
Para se ter noção, de acordo com pesquisa realizada em 2019 pela Morgan Stanley, 95% dos millennials expressaram interesse em investimentos sustentáveis, em comparação com 85% da população total. Além disso, 67% dos millennials acreditam que as práticas de investimento devem mirar não apenas o retorno financeiro, mas também o impacto social e ambiental.
Tudo isso impulsiona os gestores e executivos a olharem as métricas ESG como um verdadeiro diferencial de negócio e fator mandatório de mercado, requisito de sustentabilidade e perenidade da própria companhia.
E quando falamos de “boas práticas”, “sustentabilidade”, “objetivos e metas consistentes” nos perguntamos: como começar a nossa Jornada ESG?
É aí que nasce a expedição Jornada ESG, uma rota traçada com o objetivo de desmistificar o ESG por meio dos ODS da ONU, apresentando soluções ambientais, sociais e de governança e acima de tudo fortalecer a relação entre iniciativas da sociedade civil, organizações e gestores públicos.
Mas, para iniciarmos a nossa Jornada ESG, devemos nos perguntar:
O quanto as minhas ações são coerentes com os meus valores?
O quanto os meus colaboradores ou cadeia de valor estão engajados a esses mesmos valores, metas e objetivos?
Bem-vindos a Jornada ESG.
Marcel Guariglia